domingo, 22 de novembro de 2009

Pretensão

A minha pretensão não é apenas saborear-me com o amargo que vem da tua saliva.
É supérfluo, pra mim, este gosto,
Quando o desgosto está estampado em teus olhos.
Eu quero decifrar as marcas mudas da tua face,
Quero que o encaixe dos nossos corpos,
Sejam ministrados pelas nossas almas.
De nada me vale essa carne que a tudo quer e deseja,
Se o que minha paixão almeja é o que tens de ser extra-humano.
Há engano em teu olhar.
Tens pele áspera, mãos desordenadas, palavras frias.
O que te faz chamar atenção é o que possuis de triste e vazio.
Teu corpo sombrio
(Abrigo dos amantes breves)
Vagueia pelas ruas sem brilho,
Perdido na realidade falida dos corpos desalmados,
Entregues ao nada.
Quero que saiba: o prazer não vem da carne,
E o sentido da vida não está nos gemidos da noite.
Tenho pra lhe oferecer,
(Além do sabor adocicado da minha boca,
E da maciez dos meus pêlos e frases)
A vontade de completar o teu ser,
Sabendo quem és de fato.
Quero jogar no lixo tua máscara
E essa carcaça de quem não soube viver todos esses anos.
E, enfim, provar-te
Que o engano é conseqüência de quem optou pelo que é fácil.
Tu és frágil
E eu quero ser quem te protege, para sempre.

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