quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Livre!

E agora eu vou embora.
Tarde demais pra fazer o que pensou pra depois.
Por isso que, apesar das dores, eu deixo o orgulho de lado e vivo.
Vivo tudo o que posso, devoro todas as possibilidades até que se esgotem.
E me sinto livre!
Livre dessas regras contraditórias do cotidiano,
Livre do engano, das máscaras, do que não é meu.
Perdeu o que havia de entregue em mim, de inteiro,
O poético da minha essência.
O que fica aqui é só a ausência da minha alma.
Uma matéria fria, rígida, sem graça,
Um corpo que não grita mais pelo seu suor,
Que não tem dó quando provoca dores,
Que não sente amor, paixão, nada.
Que é carne e só.
O meu imaterial agora vagueia por outros lados,
Distantes do seu corpo desalmado.
Continuo livre, aberta pra tudo o que também é
E com a absoluta certeza de que não preciso de ninguém mais
- além da minha essência -
Pra me sentir totalmente independente e completa.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

"R"evolucionário "A"migo

Teu cheiro continua o mesmo.
O sorriso, os lábios que declamam mil poesias por segundo sem perceber,
O jeito malandro de andar, de olhar o mundo.
Tudo teu continua como sempre esteve.
O que muda é a forma como a gente se atreve a nos encarar,
A nos amar de novo - ou mais do que antes.
Eu te tenho como um talismã,
Como um objeto raríssimo, nunca visto, nunca apreciado,
Mas que eu sei, bem certo, o valor que tem.
Você é, de fato, a tal peça fundamental,
Um pedaço de mim, uma parte que me faz sentir menos vazia [ou mais completa].
Eu não sei se é ironia, ou desejo de algum astro, Deus... O que for,
Mas quando eu olho pra tudo que a gente passou,
E pra tudo que nos tornamos hoje: cada um tatuado no outro,
Aqui desperta a absoluta certeza de que a loucura que nasceu em mim,
Quando te vi declamar sua revolta sem fim pelas injustiças do mundo,
Não foi à toa.
Aqui desperta a maior descoberta que tive na vida:
A paixão.
Sou completamente apaixonada pela nossa historia,
Pelo tempo que nos tornou melhores,
Por você, que não é nada mais do que a pessoa que eu quero por toda a minha vida.
[Com a certeza de que assim, eu poderei olhar melhor pro mundo.]

Verso Inverso [repetido]

As frases que proferi até aqui
São enganosas, menino,
Não acredite.
Vejo que enxerga em mim
O que lê nos meus poemas
E fica num dilema sem fim.
Não espere alguém que saiba fazer tudo o que eu digo,
Nem que diga palavras bonitas de quem quer abrigo.
Sou fria, as linhas que escrevo fervem.
Calma, e minhas frases devastadoras.
Sou impostora do meu nome.
Se quer a escritora,
Ame meus versos,
Se quer a mim,
Descubra-me e perceba que sou o inverso.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Dicotômicos (?)

Poros que berram teu nome...
Exalo cheiro que vem do teu suor!
Pior do que sentir-me entregue aos nossos laços
É lembrar que eu não esperava o enlace desses passos,
Do nosso corpo.
Louco, meu pensamento se julga.
Elabora mais de uma fuga contra a clareza da necessidade dos teus mistérios.
Eu crio impérios nos meus desejos quando sinto tua presença.
Intensa é a vontade de te devorar a cada segundo do tempo em que me perco
Tentando decifrar o incerto dos teus olhos.
Já cavei inúmeros poços banhados a lágrimas de poesia
Em busca da magia que me faz te ter como tatuagem.
Selvagem o jeito como te desejo, te quero, te receio,
Me desoriento e me entrego.
Não nego que é você quem espero nos meus devaneios!
Deixo o orgulho de lado [já que meu corpo entrega todas as minhas vontades]
E confirmo:
É da incerteza dos teus passos que quero me alimentar
Até desvendar o que vai te tirar do obscuro, do inseguro,
E fazer com que seus poros também exalem tudo que vem do meu ser.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sede

Eu quero a última gota de álcool
Que precede o momento do choque das nossas almas.
Ver teu corpo esculpido diante dos olhos,
Saboreando o amargo do que me tira a lucidez.
Depois, cair em teus braços e traços,
Como se fossem as notas
Da mais perfeita melodia dos atritos.
Correr o perigo de te ter e depois querer bem mais.
Risco de morrer, por não ter mais paz
Após sentir o calor do teu gozo...
Essa embriaguez que me faz provar cada pedaço teu,
Transforma-se em marca eterna.
Mas, quando a gota se encerra
Por entre as veias que gritam teu nome,
Fica em mim a sede de querer novamente provar
A amargura do teu ser diante do meu.
Marcando ainda mais o corpo que só quer ser teu,
Implorando que o breve instante dure
O mesmo tempo que durará minha vida [a tua].

[23/05/09]

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Imaterial

Aquele momento longo e complicado em que tudo é maior que a gente. Busca pelo motivo que faz alguém querer estar ao nosso lado, alguém precisar de uma palavra, do nosso corpo presente. Sinto-me ausente de tudo que é concreto e viva demais no que não se vê. Nunca sei como pertencer a algo, ou alguém. Nunca tive oportunidade de ser alguém de fato pra qualquer outro que não fossem os meus versos, sempre confusos e sinceros demais. Dos olhos que vejo poucos refletem a vaga imagem que tenho de mim. E esse momento segue assim desde que me vi diante do abismo do outro, diante da possibilidade de me achar parte de um corpo que não fosse meu, um corpo por completo. Sei que guardo um repleto de desejos e sonhos que não podem se abrigar somente nos meus versos. E a agonia de me ver dissolver pelo que não é concreto, cada vez mais, destrói um pouco da paz que tento preservar em mim, destrói um pouco do pouco que acredito servir. Seguir e cada vez mais seguir, eu sempre tento, mas andam me faltando forças pra que esse momento finalmente termine e eu consiga, plenamente, me sentir em matéria, me amar como gente.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

?

O poético está em ti.
No teu corpo, no que fazemos com os nossos!
Os destroços de um passado ruim, eu ignorei
E pouco sei sobre o presente.
Tenho medo, confesso.
Medo que essa esperança novamente me alimente
De sonhos nunca desejados, inexplorados, irreais.
Quero paz dos meus devaneios [talvez],
Dos adoráveis rodeios que fizemos até aqui.
Preciso ir, mas não sei para aonde, nem por que.
Eu rodo, tonteio junto com os meus pensamentos,
E não sei mais o que invento pra te dizer que não sei.
Não sei o que quero, o que me leva até você.
Não sei o que espero, por que estou cada vez mais com sede de te ter.