terça-feira, 31 de maio de 2011

Tudo Que É Meu

Todos os passos que tenho dado,
Mostram-me que minha força vem de mim.
Andam por aí falando de um eu que não existe
Simplesmente por que, por um tempo,
Busquei-me em outros seres, saberes,
Em outras dores.
Por isso, fui triste.
Hoje, sou eu e ponto.
Então, o que te conto é poesia,
Fantasia,
É paixão de verdade.
Confesso que senti saudade de mim!
E hoje, quando me olho no espelho e me vejo assim:
Tão eu,
Penso que ainda tem muita coisa pra descobrir do que sou
E compartilhar com o mundo.

Tudo que é meu eu entrego;
Tudo que é meu é profundo!

Não Vem

Eu não vou mais esperar por alguém que não vem.
Durante toda a minha antiga vida,
Fui louca pela farsa da impossibilidade
E tornei possíveis romances eternos.
Hoje, não tenho tempo.
Enquadrei-me.
Na agenda, só resta espaço pro que é prático.
É triste, eu sei.
Mas, deixa o tempo...
Quem sabe ele não decide dar uma trégua
E faça com que a falta de espera
Traga de novo o derradeiro amor.

Desculpe, meu bem,
Virei racional;
Virei opressor!

Como Já Devia Ter Feito

Pra dizer que eu decidi viver
O que podia já ter vivido,
Mas o libido dos dias sombrios
Me fizeram fugir.
Dizem que o nosso tempo passou,
Mas acredito que ele ainda esteja por vir.
Numa dessas manhãs de devaneios,
Através de qualquer meio,
Vou aí te visitar.
Compartilhar meus desejos.
Te explicar meus anseios
E te amar, te amar, te amar...

Como já devia ter feito!

Não Me Dê Chá de Cogumelo

Se uma já traz desgosto,
Não quero vê-la em triplo!
Digo isso porque
Me ofereceu, um amigo,
Alegando que é rico
O efeito do gosto.
Replico que riqueza excessiva
É o que me angustia
E essa realidade, que é nociva,
[Multiplicada, ainda por cima!]
Pode provocar ressaca infinita!

Saudade do Início

É que eu tenho sentido saudade do tempo em que eu te olhava nos olhos e sabia que estava te gritando paixão por segundo. Das loucuras que a gente fazia na rua, na chuva, na praia, no beco, perto até da boca de fumo. Saudade de não ter medo do amar demais. De me entregar a cada tocar de dedos, de poros, de pêlos, de órgãos. Saudade de amar como eu te amei. De querer como eu te quis. De sonhar como eu sonhei com a gente. Saudade de deixar esse sentimento, que mais parece um vulcão, explodir sem dó, sem culpa, sem orgulho, sem limitação, sem mágoas passadas. Saudade de querer só você, de ter só você na minha cabeça, de te colocar no meu presente, futuro e passado.
Os dias têm caminhado tão sem vida, tão ocupados, tão sem tempo pra amar, tão cheios do que passou e não volta; os dias têm sido tão reais que não consigo mais sentir saudade de outra coisa, que não seja o mais sincero, livre, imaturo e único sentimento que tive na minha vida: o amor que eu senti pelos sonhos que construí contigo.

Morno

Você não me inspira poesia.
Aliás, de você não me vem nada.

De todos os passos equivocados
Que dei pela estrada,
Você é o mais vazio,
A maior perda de tempo.

Lamento.
Por mim;
Pelos versos perdidos;
Pela vida temporariamente morna;
Pela hora do lúdico, que não passou por nós.

Estivesse eu a sós comigo mesma
E seria finalmente eleita
A poesia mais perfeita do mundo!

Quero longe de mim teu corpo imundo,
Tuas frases indiferentes,
Teu ser pequeno e morno.
Teu conceito de vida
Que, pra mim, já está morto.

O Eu

Profundo.
Talvez sem fundo.
Imundo de idéias.
Não repare
Nas obras de arte
São o escape
Das tristezas do mundo.
É sujo,
Dispensa platéias,
Pensa que a estréia já teve.
Não tem esperança
Nem se lembra criança.
De conhecimento,
Não tem mais sede.
É uma rede de dores
Na vida, não sente sabores.
É sentimento falido
Grito retiro
Sonho reprimido
Futuro que não quer.
É o eu que se expõe
Do cotidiano se opõe
Quer morrer só.
Dá dó...