quarta-feira, 24 de março de 2010

Eu vou te contar que você não me conhece...
E eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não me ouve!
A sedução me escraviza à você...
Ao fim de tudo você permanece comigo, mas preso ao que eu criei e não a mim.
E quanto mais falo sobre a verdade inteira, um abismo maior nos separa.
Você não tem um nome, eu tenho.
Você é um rosto na multidão e eu sou o centro das atenções.
Mas a mentira da aparência do que eu sou é a mentira da aparência do que você é.
Por que eu não sou o meu nome, e você não é ninguém...
O jogo perigoso que eu pratico aqui, ele busca chegar ao limite possível da aproximação
Através da aceitação da distância e do reconhecimento dela.
Entre eu e você existe a notícia que nos separa.
Eu quero que você me veja nua... Eu me dispo da notícia!
E a minha nudez, parada, te denuncia e te espelha.
Eu me relato, tu me delatas...
Eu nos acuso e confesso por nós.
Assim, me livro das palavras,
Com as quais você me veste.

Fauzi Arap

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